quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sinceridade não mata

Sim, mais um tópico inspirado numa colunista da Revista O Globo. Desta vez é a Martha Medeiros, com sua coluna intitulada "Escandalosa Sinceridade". Hoje em dia, a sinceridade é uma característica difícil de se encontrar, pois é falando o que a outra pessoa quer ouvir - ou seja, mentindo - é que se tem o que quer. Eu acho isso triste, pois de certa forma isso é uma falha de caráter, e mostra que você realmente não pensa nos sentimenos do próximo.

É tão bom ter amigos verdadeiros, amores sinceros e profundos. É tão bom viver sem receio e dúvidas. E sem aquela cobrança e ansiedade de estar sempre querendo agradar, pois não se sabe se realmente o parceiro está feliz ou se apenas fala isso para lhe agradar. Com verdades, você pode se entregar a um grande amor, ao mesmo tempo que pode terminar uma relação sem arrependimentos e partir logo para outra em vez de ficar empurrando com a barriga e se desgastando emocionalmente. Não há por que viver de suposições, preocupar-se demais faz mal.

No nosso cotidiano, a mentira tornou-se praxe, algo tão comum que a verdade é que nos choca. Como diria o dramaturgo e escritor Domingos Oliveira, citado por Martha em sua coluna, "a única coisa que ainda escandaliza hoje é a sinceridade". E, pegando mais uma frase emprestada da coluna de Martha, é valorável alguém "que se assume, que perdoa seus próprios tropeços, que não recorre ao Photoshop na hora de expor o caráter".

Continuando com frases da mesma, "a sinceriridade destrói castelos de areia. É a realidade sem anestesia. Ela não estimula reticências, não teatraliza as relações humanas, não debocha da credulidade alheia, não falsifica impressões. A sinceridade é de vanguarda. É tão soberana que emudece a todos... a sinceridade é o ponto final de qualquer discussão".

Hoje em dia há um termo bem comum usado para denominar determinadas atitudes de pessoas que agem falsamente, de puxa-saquismo mesmo, com outros a fim de conseguir algo em troca. É a famosa 'média', que nada se parece com aquela xícara de café com leite que pedimos na padaria. A palavra média, no contexto deste tópico, é mais usada no meio profissional.

Defendo a média em alguns casos, embora não tenha habilidade para isso, pois não consigo ser dissimulada. Não tenho sangue frio, e sempre falo o que estou sentindo, pois do contrário me sentiria mal e não conseguiria dormir tranquilamente. Mas para sobreviver no mercado de trabalho atual, não basta ter talento, competencia, boa aparência, experiência ou uma coleção de certificados. Porque todas esses requisitos são passados para trás, se aparecer alguém com indicação. Vejo muitas pessoas incríveis e bem qualificadas em subempregos. Pessoas de boa índole, que ajudam o próximo, que são bons amigos. Mas que pecam pela sinceridade e não submetem a puxar saco de alguém que não tenha de fato alguma admiração.

Também rola a média em relação a amizades. Muitas pessoas fingem ser amigas de outras por algum interesse. "Ah fulano é popular", "fulano conhece um monte de mulher", "fulano tem dinheiro". Eu não consigo ser amiga de uma pessoa que tenha alguma falha de caráter que realmente me perturbe, seja algum tipo de preconceito, seja inveja, seja resquícios de crueldade, seja falta de consideração ou ainda mal caratismo de qualquer natureza.

E a média em situações amorosas? Essa eu acho que é a que mais machuca. "Pra que mentir, fingir que perdoou", como diria Cazuza? Voce está enganando ao parceiro(a) e a você mesma(o). Não é legal ser falsamente amável e apaixonado para atingir algum interesse pessoal, seja financeiro, seja de ordem apenas sexual, ou seja qualquer outro tipo de interesse. Por que não jogar limpo? Vai que a outra pessoa não se incomode que você não goste dela tanto assim. No entanto, fingir um sentimento machuca o parceiro de modo que causa uma turbulência em toda a vida dele. Você dormiria em paz sabendo que a outra pessoa está se derrento em lagrimas e teve o rendimento no trabalho prejudicado por sua causa?

Viver de verdades é viver de verdade! É a felicidade plena. É viver com um sono tranquilo. Sinceridade não mata, e acho que muita gente poderia usá-la com mais frequencia. Garanto que seriam até mais felizes.

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