segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Histórias de amigos 1

Tenho amigos muito engraçados, que sempre têm histórias pra contar, pena que esqueço boa parte. Vou começar a andar com um bloco de notas para anotar tudo. A história que vem a seguir surgiu duma night de uma amiga, sábado passado, no Rio Scenarium. Além de usar nicknames, eu me permiti colocar um pouco de ficção na história.

Dê estava curtindo a night quando de repente aparece um cara e os dois começam a bater papo. Papo vai, papo vem, e Dê fala que tem inveja dos homens, pois ser homem deve ser maravilhoso, que tudo é mais fácil pra eles. Diferente do normal, em que os caras também defendem alguns pontos bons (???) de ser mulher, ele afirma o que ela disse e, ainda, completa:

“Com toda a certeza, ser homem é muito bom. Não precisamos se depilar, gastar horrores com roupas, demorar horas se arrumando. A mulher é sempre cobrada de estar impecavelmente bonita, pronta, e tem sempre que prestar contas para a sociedade. Ela tem que trabalhar fora, tem que trabalhar em casa, malhar, parir, menstruar... pra no final das contas ficar linda, sarada, exausta e... acabar com um cara velho, barrigudo e com um chifre na cabeça.”

Depois da sábia justificativa do carinha, passa no lado dele uma loira espetacular dando mole. Na frente da Dê, na maior cara de pau e na maior naturalidade possível, ele canta a loira, que prontamente aceita o convite de conhecê-lo melhor. E no final, em vez de ficar aborrecida, ela se surpreendeu com a consciência, honestidade e a naturalidade com que ele lidava com essa situação, tirando o devido proveito disso.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Analise sociológica sobre o ser humano e seu jeito mesquinho, individualista e interesseiro de ser, com base na Teoria da Comunicação.


Cheguei ao assunto em questão porque muitas amigas minhas estavam reclamando sobre isso – amigos falsos, interesseiros e, principalmente, egoístas. Amizades de conveniência, e pelos mais diversos interesses, virou praxe. As pessoas viraram objetos descartáveis, o que nos faz confundir se estamos lidando com psicopatas ou apenas com pessoas de má índole. Li a frase dum amigo no MSN que diz o seguinte: “as pessoas entram e saem das nossas vidas como se fossem garçons de restaurante”. A frase é de um grande escritor de livros de terror, Stephen King. Não sou socióloga, mas tenho lá as minhas hipóteses em relação a esse aumento da individualidade alheia no Brasil. Estamos em tempos difíceis, onde carecem empregos, principalmente os mais qualificados; presenciamos o desaparecimento da tradicional classe média, que agora dá lugar a uma classe média de emergentes, caracterizados por pessoas menos cultas e mais consumistas; e numa época onde os homens podem e fazem tudo, pela quantidade desproporcional de homens em relação às mulheres (não que as mulheres sejam santas. Elas, definitivamente, não são). Porém, pretendo dar um enfoque nessa questão pegando emprestado conceitos da Teoria da Comunicação.

Nos primeiros períodos da minha faculdade de comunicação, li um texto referente à matéria de Teoria da Comunicação que me deixou intrigada. O texto Indústria Cultural, de 1947, é dos sociólogos e filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer, oriundos da Escola de Frankfurt, referência mundial para os estudos de comunicação. O tema é sobre a mercantilização da cultura com a consolidação do capitalismo, o que a transformou em efêmera e levou a sua desvalorização. Aparentemente, o texto pouco tem a ver com o assunto da postagem, porém o texto de Adorno serve como analogia para analisarmos o quanto essa característica do capitalismo de ser descartável, que não é apenas um objetivo da produção de bens não duráveis (hoje em dia, duráveis também), reflete-se nas nossas interações do dia a dia. A funcionalidade de certas mercadorias, que nos são úteis para um determinado fim por um tempo determinado, deslocou-se também para os seres humanos, porém muitos não foram avisados disso. Homens e mulheres usam uns aos outros para satisfazer suas necessidades fisiológicas, de segurança e todas as outras pertencentes à pirâmide de Maslow, e depois se encontram na rua como se não se conhecessem. “Amigos” surgem e desaparecem quando lhes for conveniente, principalmente no que se refere ao famoso networking, e desaparecem da mesma forma inesperada com que reapareceram.

Ainda sobre Adorno, até mesmo a desvalorização da cultura consegue refletir a forma de “pensar” atual de nossa sociedade, visto que os meios audiovisuais ganharam a preferência do público, enquanto a literatura, a música e a poesia, que exigem um maior grau de abstração e interação lógica com o intelecto, foram perdendo espaço. Adorno diz ainda que a Indústria Cultural “impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente”. Agora podemos entender o porquê de acharmos as pessoas tão limitadas, e por que não conseguimos discutir mais temas como política e comportamento numa mesa de bar: as pessoas, em geral, estão acostumadas a terem tudo pronto, ou seja, a plagear frases e pensamentos de outros, sem ao menos questionar como surgiram. Se você não sabia o que era pseudo-intelectual, é só ler a frase anterior novamente. A sociedade perdeu a capacidade de raciocinar e limita-se a imitar aos outros, como macacos amestrados de circo.

O capitalismo trás consigo uma valorização do consumo. Antigamente comprava-se um determinado item por necessidade. Mas coube ao capitalismo inventar novos produtos e utilidades para induzir a população a gastar dinheiro e, consequentemente, encher o bolso dos empresários. Surgem itens cada vez com um prazo de validade menor, ou que rapidamente saem de moda, que são facilmente substituídos por outros. E é da mesma forma que funcionam as relações de amizade e amorosas no nosso cotidiano: o dinheiro tem um grande papel na compra e na manipulação das pessoas, que, como os objetos, podem ser jogados fora sem cerimônia. Como diria Sandra de Sá, “joga fora no lixo, joga fora no lixo, joga fora no liiiiiiixooooo”. Dessa forma, a pura e simples amizade entrou em extinção: geralmente as pessoas têm interesses pelos quais se tornam suas amigas – querem comer sua amiga, business, status, e outras razões mais bizarras que prefiro não comentar -, e essas amizades de conveniência têm prazos de validade. Infelizmente não há como evitar isso, já que tornou-se uma prática comum em nossa sociedade assim como a traição masculina, que agora faz parte da cultura brasileira. Como estamos numa época moderna, a traição vista como algo natural vem se extendido também às mulheres.

E aproveitando o gancho, as relações amorosas não têm mais nada de amorosas: namoros são cada vez mais curtos, pela facilidade e naturalidade de hoje em dia se conseguir um novo parceiro e desmanchar um relacionamento. E tornou-se mais que comum namoradas aceitarem que seus parceiros tenham amantes: não é mais necessário mentir. Dessa forma, os homens usam e abusam, pois boa parte das mulheres não lhe põem limites e, assim, concluem que podem fazer isso com todas. As mulheres também têm aprontado horrores, vendem-se por dinheiro descaradamente e, por não estarem plenamente satisfeitas com o seu companheiro, vão buscar o prazer sexual que o marido não pôde lhe conceder com o bonitão da esquina. Não há mais respeito, o respeito foi para o espaço. É como se as pessoas tivessem se transformado em objetos de pouco apreço por parte de seu dono. O termo mulher-objeto, ligado num passado não muito distante às mulheres gostosas e sem cérebro, que só serviam para relações sexuais, agora se abrange a todas as mulheres, já que as relações hoje em dia são cada vez mais voláteis. Mesmo os casamentos, que são instituições que representam um compromisso mais sólido, têm prazos de validades curtos.

Voltando aos sociólogos, outro famoso sociólogo, Zygmunt Bauman, criou o conceito de "modernidade líquida", onde podemos comparar as interações superficiais e efêmeras da pós-modernidade à fluidez e instabilidade da água, que muda de estado rapidamente. Já para Lipovetsky, há nos tempos atuais uma exarcebação de certas características, tais como, o individualismo, o consumismo, a ética hedonista, e a fragmentação do tempo e do espaço. Concluímos, então, que a forma de interação atual foi prevista por estes e muitos outros teóricos. Cabe a nós sabermos as regras do jogo e não nos surpreendemos com o que ainda pode vir a acontecer nas nossas vidas e, inclusive, antecipar e se defender de decepções com o ser humano.

Para descontrair:

OBS: vale lembrar que está faltando uma edição e revisão do conteúdo. Grata.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Morte de bartender em companhia de cruzeiro deixa policiais intrigados

Alguns brasileiros conseguiram ter ciência deste triste acontecimento tão pouco divulgado que ocorreu no navio MSC Música, da MSC. Uma bartender brasileira, que trabalhava no bar do navio, foi encontrada estrangulada com leiçóis na cabine onde dividia com o seu namorado, também brasileiro. Além disso foi encontrado no quarto cocaína. O que mais intrigou a polícia neste caso foi o fato do quarto ter sido arrumado após o crime, o que, com toda a certeza, eliminou várias provas do local. Para saber mais detalhes do ocorrido, veja o link do site Band News - http://bandnewstv.band.com.br/conteudo.asp?ID=252042&CNL=20 – e uma matéria no site do Terra - http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4202030-EI5030,00-Bartender+de+cruzeiro+e+encontrada+morta+em+navio.html

Não deve ser de conhecimento de muitos dos meus leitores, mas já trabalhei para uma companhia italiana de cruzeiros marítimos e, inclusive, tenho um blog – http://fiqueiavernavios.blogspot.com/ – no qual eu relatava o dia a dia do longo processo seletivo, os milhares de cursos que tive que fazer e pagar do meu bolso, e toda a ansiedade que tomou conta de mim desde meses antes de embarcar. No entanto, durei 15 dias no navio, e algumas razões vêm logo abaixo, junto com mais informações e opiniões sobre o ocorrido.

Uma das coisas que mais me impressionou surpreendentemente não foi o assassinato de um funcionário que ocorreu a bordo, pois como já trabalhei em cruzeiro, estou ciente de todos esses riscos, mas sim a FALTA DE COBERTURA DOS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO. Como toda comunicóloga que se preze, eu fiquei chocada com o descaso pelos veículos de comunicação – ou será que foram calados na marra? Soube do que aconteceu através de um amigo meu, jornalista, que me enviou o link do Terra. Quando cheguei do trabalho, liguei a TV e a única coisa que vi a respeito foi no jornal Band News. A Globo não veiculou nada a respeito na TV, até onde eu sei. Não encontrei nada no site da Globo, também (no qual preferiram dar destaque a ida de Elenita ao paredão no BBB). A notícia, veiculada dia 13/01/2010, não teve mais nenhuma menção nos dias seguintes.

A falta de menção ao caso nos faz ter ideia do poderio dessas companhias de cruzeiro. Fico pensando se algo parecido tivesse acontecido com um(a) brasileiro(a) no exterior, seja um estupro, uma morte por infecção alimentar ou mesmo um outro assassinato. Mas com toda a certeza o caso seria abafado! Meus parabéns aos veículos que puseram suas caras à tapa.

O governo nunca se preocupou com leis trabalhistas referentes a brasileiros que trabalham a bordo. Tudo pode acontecer, porque não há nenhuma lei no Brasil que regulamente esses tipos de empregos, embora nos cursos voltados para trabalhos em cruzeiros seja dito que haja. Você fica lá, à deriva, em terra de ninguém – não apenas porque você acorda em cada dia num lugar diferente, mas porque a bandeira que o navio aporta pode ser de um país onde pouquíssimas leis prevalecem, e você fica sujeito a essas leis –, e exposto a todo e a qualquer tipo de riscos, tais como assédio moral, sexual, trabalho escravo, infecções (especialmente a alimentar), falta de assistência médica e de medicamentos, entre outros.

Algo bem comum é ver pessoas que vão trabalhar a bordo, seja porque estão em busca de um trabalho honesto, ou porque querem viajar o mundo e juntar um dinheiro, e que depois voltam, em questões de dias, com uma mão na frente e outra atrás. Isso porque as companhias também cobram a passagem de volta para casa. Pode-se dizer também que é questão de sorte voltar para casa sem nenhuma lesão, tais como hérnias de disco e problemas nos joelhos, o que exigiria um cuidado e um tratamento caríssimo, para toda a vida, devido à quantidade de peso que são obrigados a carregar em suas funções diárias, em especial os garçons, que carregam todo dia bandejas com mais de 20kgs de um lado só do corpo, 12hrs por dia.

As pessoas que vão trabalhar a bordo e se desligam da empresa retornam aos seus países de origem acuadas, receosas e muuuito envergonhadas de terem investido e se dedicado com afinco por meses. Entretanto, muitos ficam desesperançosos de levar um processo adiante, pois não se acham capazes de desafiar o poderio dessas grandes companhias, e acreditam que abrir um processo seria muito complicado, demorado e delicado, mesmo porque envolveria direito internacional, pela razão dessas companhias serem estrangeiras. Alguns advogados dizem, no entanto, que as leis que o navio segue não se baseiam apenas nas do país representado pela bandeira do navio, mas também do local onde o navio está no momento em que determinado problema aconteceu. No entanto, pelo fato dessas companhias geralmente terem representações no Brasil, há ainda advogados que defendem que o que deve ser levado em consideração, dessa forma, é a lei brasileira. Abrir um processo de natureza trabalhista contra essas companhias é mais difícil do que vocês imaginavam, não?

Voltando à matéria, eu cheguei a fazer um curso com o suposto assassino apontado pelos jornais. Eu disse SUPOSTO. Acho perigoso apontar um suspeito antes de todas as provas serem averiguadas. Não cheguei a sequer trocar palavras com o mesmo, que fazia parte da mesma turma que eu num curso chamado STCW, que custou em torno de R$ 700,00, dinheiro o qual vem dos bolsos dos candidatos à vaga. A marinha brasileira exige tal certificação para que se possa trabalhar a bordo. E esse é só um dos cursos que necessita de pagamento! Esperemos que a polícia não seja calada por essas companhias multibilionárias e vá até o final neste caso, aplicando todas as medidas e sanções possíveis para que a justiça seja feita. E para aqueles que se sentirem lesados pelas companhias, “não se reprimam”, como diria o Menudo, e processem! Se ninguém começar a fazer alguma coisa, nada mudará.


“Para o mal triunfar, basta que o bem não faça nada”.