segunda-feira, 27 de julho de 2009

Sindrome do Peter Pan e do Capitão Gancho

Síndrome do
Peter Pan


Viver eternamente como criança, numa diversão sem fim. Sem responsabilidades com renda, contas, e mesmo com um relacionamento mais sério como o casamento e filhos. Sim, há adultos com essa famosa síndrome.

Michael Jackson é seu principal ícone. Pelo motivo de desde cedo ser imposto a certas responsabilidades como trabalhar desde os cinco anos para ajudar a colocar dinheiro em casa, Michael pulou fases da sua vida como a infância e a adolescência. Resultado: mesmo com uma boa situação financeira, diferente de outros que colecionariam mulheres e construiriam uma família, MJ pouco se importava. Ele queria passar o dia inteiro brincando... com crianças. Não é por acaso que ele construiu um parque de diversões gigantesco para ele. Embora haja boatos, acredito que ele não seja pedófilo. Já as frequentes intervenções cirúrgicas, entre outros motivos, eram porque MJ tinha um verdadeiro pavor de envelhecer. Lutava de todas as formas para manter-se criança. E por isso vivia em "NeverLand".

Mas há adultos com essa síndrome que teriam atitudes digamos menos radicais, tais como fugir de responsabilidades e compromissos. Buscam a diversão em primeiro lugar e tem gostos infantis tais como ver desenho animado, ler histórias em quadrinhos, jogar videogame, jogos de tabuleiro, entre outros. Sim, fugir dos problemas é tentador, mas se o próprio Peter Pan sofre uma situação emblemática ao se apaixonar e ter de escolher entre se tornar ou não adulto, na vida real agir com imaturidade pode causar transtornos bem maiores. Ou seja, em vez de fugir dos problemas através da síndrome, acaba-se conseguindo problemas piores.

A opção em se ter a síndrome muitas vezes não é voluntária. Muitos, devido a circunstâncias diversas que fizeram parte do seu passado, e que os marcaram de alguma forma, acabam adquirindo a mesma. A síndrome tem seu lado bom e o ruim. A questão é tentar equilibrar os desejos de criança com os desejos de adulto. Chegue a um ponto de equilibrio, seja feliz, e voe rumo ao infinito.


Síndrome do Capitão Gancho


Ele é um adulto, sem laços afetivos com ninguém, e sem residência fixa. A cada dia, está numa cidade diferente, conhecendo pessoas diferentes. Não vive de rotina. E tem servos fiéis que fazem todas as suas vontades. Ele é o rei. Seu dia a dia resume-se em mandar e beber. Beber muito. Sua ressaca confunde-se com a ressaca do mar. Ele mergulhou no mar do esquecimento, e age conforme a maré. Este é o Capitão Gancho.

Da mesma forma que o Peter Pan é alheio a compromissos, mas sente-se solitário sem uma companhia. Ele é um solteirão não por opção, mas porque ainda não encontrou sua alma-gêmea. Pudera, seu estilo de vida deve afastar qualquer pretendente. Ninguém sabe de sua família, de sua vida antes de ser capitão. Suas cicatrizes fez questão de esquecer, e não se diminui por qualquer deficiência que tenha. Quando tornou-se capitão, começou sua vida do zero. Quem nunca pensou em ir para um lugar distante e ter a chance de começar do zero?

Mas,diferente de Peter Pan, Capitão Ganho tem responsabilidades, pois é um adulto. Precisa sustentar seus marujos e manter seu navio. Sua vida é uma batalha diária e incessante por cada vez mais ouro. Arrisca tudo e passa por situações perigosas para conseguir o que quer. O lado mau do Capitão Gancho é que este realmente não mede esforços, deixando para trás a ética e a moral.

O Capitão Gancho de certa forma inveja essa felicidade constante do Peter Pan, pois tem angústias e problemas para resolver, como todo adulto, e essa é a razão de querer destruí-lo. Ele é uma pessoa melancólica, que apesar de seu poderio, consegue apenas chegar ao estado de êxtase através de bebidas de alta octanagem.

Mas ele todo dia promove festinhas, com muita comida e bebida. E sempre está cercado de gente. Sua vida é agitada e cheia de aventuras, e certamente ele tem muita história para contar. Como diria o verdadeiro pirata dos sete mares Roberto Carlos, "são tantas emoções". E, às vezes, como diria O Rappa em um trecho de sua música "Mar de gente", "navegar é preciso senão a rotina te cansa".

Night, o mundo do faz-de-conta

As mulheres, com quilos de maquiagem no rosto. O famoso "reboco na cara". Cabelos, seios, e até bunda falsa. "Na night vale tudo", dizem alguns. Já os homens não se preocupam tanto com o visual. Mas é impressionante, eles sempre moram nos melhores bairros, e sempre são bem-sucedidos. Tão bem-sucedidos que evitam muitas vezes de ligar para as mulheres que conhecem à noite porque nem crédito no celular têm. Acho bom eles irem embora antes da meia-noite, antes que virem abóbora. Esse é o mundo do faz-de-conta e quase folclórico da noite carioca.

A inspiração do post surgiu através da conversa com um amigo, que me lembrou das "historinhas fantásticas" de dois homens que ouvi na night e das quais ele também foi ouvinte, pois estava do meu lado. Bem, o que falar sobre essa tática? Como tática (arte de manobrar, segundo a Wikipédia), ou seja, para atingir uma meta a curto prazo, esse papo-furado serve, sim, para que o cara fique com alguma mulher. Talvez consiga mais um ou dois encontros. Mas é fato que algumas mulheres já se deram conta de que não dá pra acreditar no que um cara diz na night. Não só nas nights, diga-se de passagem.

Mas as mulheres também não estão isentas de culpa, de forma alguma. E usam diversos artifícios para seduzir os homens. As mulheres vão pra night tão enfeitadas que mais parecem árvores de natal. Bem, esconder-se atrás de acessórios que chamem mais atenção que elas é uma boa tática. Suas roupas têm tanto brilho e lantejoulas que ofusca a visão de qualquer um. A produção é tanta, estendendo-se de lentes de contato à cinta-ligas, que um cara que sai com uma mulher dessas à luz do dia corre o risco de não reconhecê-la. Isso se não levarem um susto. Tem homem que bebe a ponto de seus critérios de seleção irem para o espaço. Qualquer mulher serve. As vezes nem precisa ser mulher. O que importa é o prazer, a felicidade ilusória de estar com uma mulher imaginária que só existe na cabeça de um homem alcolizado ou entorpecido de outra substância qualquer.

Qual o objetivo de se sair à noite, para a maioria das pessoas? Viver o momento, curtir, buscar a felicidade fugaz e instantânea. E para isso, vale tudo, segundo alguns. Inclusive inventar um personagem fictício de tal calibre que nem os melhores escritores ousariam inventar. Por isso, não levem a noite carioca tão a serio. Não é impossível encontrar a cara-metade numa boate, mas as pessoas têm que aprender a serem mais céticas em relação ao que os outros falam e aparentam ser. Mesmo porque as luzes fracas, o álcool, e um estado mais eufórico, causado pela animação de se estar entre amigos, músicas agitadas, e inclusive a influência e a pressão que fazem para que você (esse caso remete mais aos homens) fique com alguém distorcem consideravelmente sua percepção.

Eu particularmente não sou muito fã dessa busca pelo prazer imediato e momentâneo. Saio na night com o objetivo de me divertir ouvindo música, vendo gente, e bebendo. Não espero nada da noite, mas também não deixo de conhecer homens que me despertem algum interesse. Porém, sem expectativas futuras. Não entro no mundo do faz-de-conta, só faço de conta que acredito em tudo. Tudo é mentira até que se prove o contrário.

domingo, 19 de julho de 2009

Loucura? depende do ponto de vista

Hoje em dia é difícil de se confiar nos outros. Uma hora a pessoa pode ser sua melhor amiga, e em outra, quando lhe for conveniente, pode lhe dar uma punhalada nas costas. Simplesmente sem motivo nenhum. Será que a pessoa é louca, ou trata-se de um desvio de caráter? Bem, pode ser um pouquinho dos dois, pois na psicologia o comportamento antissocial e psicopata são doenças psiquiátricas que têm como consequência um desvio no caráter que se funda no desprezo do ser humano e das convenções sociais com o objetivo de se conseguir o que deseja.

Não sei se essa compulsão louca das pessoas para atingir objetivos fúteis - e que não influiriam em nada em sua felicidade - para mostrar a sociedade que PODEM é uma tendência intrínseca da nossa sociedade capitalista sedenta por dinheiro, ou se acontece desde os tempos mais primórdios, mas é fato que essas atitudes sem lógica são reflexo do mundo louco em que vivemos.

Gostaria de pegar um trecho antigo de uma coluna da Martha Medeiros (de novo rs), que resume um pouco a realidade insana em que vivemos. Fala-se também da ilusão na qual alguns vivem para satisfazer seu ego, alicerçado a partir da aceitação e aprovação alheia, que os ocupam o suficiente para que esqueçam de sua própria felicidade:

"Em tempos insanos, de tanta gente maluca por vaidade, maluca por juventude, maluca por dinheiro, maluca por poder, os lúcidos destacam-se pela raridade. São aqueles que não inventam personagens de si mesmos, não se trapaceiam, não criam fantasias, ao contrário: se comprometem com a verdade. E se envolver com a transparência dos fatos requer uma integridade diabólica [...] O lúcido faz parte do time - cada vez mais desfalcado - dos que se desesperam de um modo mais íntimo e refinado. O lúcido organiza sua loucura, acondiciona o que está solto no ar, interliga várias ideias interdependentes para que, agarradas umas nas outras, não se dispersem, estejam ao alcance da mente. Lúcido é só um outronome para louco: O louco que tem a cabeça no lugar."

O trecho acima também debate o tema tão batido das postagens anteriores: sinceridade. E o que acontece na verdade é exatamente isso: as pessoas vivem tão preocupadas com seu "marketing pessoal" que podemos considerar certos extremismos como doença. Ué, mas o mundo todo estaria doente, então. Sim, mas não falo apenas de nosso planeta, devido à destruição deste pelo homem, mas principalmente das PESSOAS.

Vejamos um indivíduo cujo histórico resultou em diversos traumas que como consequência geraram sentimentos como ódio, revolta e vingança, sentimentos com os quais ele convive diariamente. Juntando o histórico de vida desse sujeito com o contexto em que ele vive, podemos até encontrar algum fundamento para justificar certos desejos tais como "conseguir muito dinheiro", e pegar "quantas mulheres quanto puder para mostrar sua virilidade para os amigos", mas para alguns, que não ambicionam estas coisas como objetivo de vida e como princípio para felicidade, tratam-se de meios ineficazes para que esta pessoa atinja seu objetivo em mente (a pessoa apenas ficaria satisfeita em um momento fugaz), em contraposição a outros que considerariam que tem toda uma lógica imbutida por trás deste comportamento e que, dessa forma, nosso "estudo de caso" poderia viver mais feliz.

Esse mundo de aparência e de ilusões é sufocante. Por que as pessoas não se preocupam simplesmente em viver as suas vidas? A felicidade não está em rios de dinheiro, e menos ainda na busca da aparência de um semideus. A felicidade não deve ser buscada no outro, mas em nós mesmos. Se alguém não o aceita como você é, é porque não é de fato seu amigo. E será que vale a pena viver sabendo que a pessoa só é sua amiga por algum interesse, e não porque gosta de você? Acho que viver dessa forma deve causar um vazio profundo e uma melancolia sem fim. E o pior é que as pessoas não conseguem captar a razão dessa inquietude interna, que é a falta de
atitude, coragem e de comprometimento para ir em busca do que se quer e do que se tem vontade de fazer, e negam a plenitude de seus sentimentos agindo da forma que os outros julgam melhor para elas.

Sinto falta das palavras AMIZADE, SOLIDARIEDADE e AMOR. Parece que não há espaço para elas no contexto atual em que vivemos. Parecem que estão fora de moda. Essas palavras são vulgarizadas hoje em dia, e são tão comumente ditas como um vento que passou. A semântica dessas palavras foi alterada, mas esqueceram de atualizar no dicionário e de fazer um registro etimológico.

Prefiro viver numa casa no campo, numa casinha de sapê, virar hippie do que ter que me submeter a essas convenções do sistema captalista e da "cidade malandragem": o Rio de Janeiro. Pessoas que são sinceras consigo mesmas tem que ter uma capacidade ímpar de lidar e engolir essa triste realidade que é a mentira em que a maioria vive. Como diria uma amiga minha, "só dá maluco, mané. Só dá maluco". E continuando o desabafo de Taly, "cara, vou gravar essa frase na parede de uma caverna, as gerações futuras precisam levar em consideração o mal dessa sociedade, a falta de sanidade mental."

Outras frases interessantes e que têm a ver com o contexto, mas que infelizmente desconheço os autores, são:

"Quem se submete aos homens já está submetido às coisas."

"Livra-te de desejos e temores, e livrar-te-á dos teus tiranos."

Outra frase interessante, essa com autor conhecido, é "as aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam. Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões" (Sérgio Natureza / Tunai).

E finalizo a postagem com a frase do escritor Jostein Gaarder, "Tudo não passa de Maya (ilusão)."

Sinceridade não mata, mas pode causar um infarto.

Falar a verdade é sempre bom, mas tem gente que peca pela falta de noção, pelo tom de voz utilizado, pelo lugar e momento escolhido para passar a informação, e até mesmo na escolha do vocábulo e na comunicação não verbal, como os gestos. Pessoas idosas, por exemplo, não podem receber uma notícia forte sem um preparo. Da mesma forma, um amigo pode não gostar de ouvir verdades e até mesmo romper uma amizade com você por crer que você tem "inveja da felicidade que ele acredita ter".

Devido a isso, temos que ter um certo cuidado em falar a verdade para não machucar o outro. Há verdades que a gente realmente gostaria de omitir, mas que devem ser ditas. Uma vez pedi uma opinião sincera para um conhecido pela internet, e não gostei da resposta. Tive vontade de batê-lo, e acabei correndo pro quarto com os olhos marejados. Entretanto, ele estava certo. Hoje valorizo o toque que ele me deu e desde então dou mais crédito às suas opiniões.

Internet é um meio frio, onde podemos falar certas coisas com mais facilidade do que presencialmente, mas ao vivo, quando a verdade trata-se de algo impactante e que pode até mudar o curso de vida de uma pessoa, é melhor escolher um ambiente tranquilo e expressar num tom calmo o que tem que ser dito. Escolha sempre eufemismos, palavras que oferenderiam menos o receptor da mensagem, e dê todo apoio possível à pessoa. Pode ter certeza de que mais tarde ela irá te agradecer e dizer "é, é verdade, você me salvou de uma furada".

Quero terminar a postagem com um trecho de uma das mais famosas e polêmicas músicas de Rogério Skylab, "Chico Xavier e Roberto Carlos". E não, não vou suprimir nem censurar os palavrões, porque isso é ferir a liberdade de expressão e acabaria com todo o sentido e graça do poema:

"Chico Xavier é viado, Roberto Carlos tem perna de pau, pau, pau! E apesar de tudo, é tão comovente. A verdade explode na cara da gente. A verdade é crua, a verdade é nua, a verdade torce, a verdade estupra. A verdade é puta, a verdade é puta. A verdade trai e nem se comove. A verdade grita, com poucas palavras. A verdade arde, a verdade arde... Então era isso, o surpreendente. Era tão obvio, tão evidente. Tava na cara, tava nos modos. Tava na forma e era o bom senso. Então era isso, eu ia pensando. A mídia gritava: mentira, mentira. E eu nem ligava, e prosseguia, tranquilo e fodido eu ia dizendo: CHICO XAVIER É VIADO, ROBERTO CARLOS TEM PERNA DE PAU."

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sinceridade não mata

Sim, mais um tópico inspirado numa colunista da Revista O Globo. Desta vez é a Martha Medeiros, com sua coluna intitulada "Escandalosa Sinceridade". Hoje em dia, a sinceridade é uma característica difícil de se encontrar, pois é falando o que a outra pessoa quer ouvir - ou seja, mentindo - é que se tem o que quer. Eu acho isso triste, pois de certa forma isso é uma falha de caráter, e mostra que você realmente não pensa nos sentimenos do próximo.

É tão bom ter amigos verdadeiros, amores sinceros e profundos. É tão bom viver sem receio e dúvidas. E sem aquela cobrança e ansiedade de estar sempre querendo agradar, pois não se sabe se realmente o parceiro está feliz ou se apenas fala isso para lhe agradar. Com verdades, você pode se entregar a um grande amor, ao mesmo tempo que pode terminar uma relação sem arrependimentos e partir logo para outra em vez de ficar empurrando com a barriga e se desgastando emocionalmente. Não há por que viver de suposições, preocupar-se demais faz mal.

No nosso cotidiano, a mentira tornou-se praxe, algo tão comum que a verdade é que nos choca. Como diria o dramaturgo e escritor Domingos Oliveira, citado por Martha em sua coluna, "a única coisa que ainda escandaliza hoje é a sinceridade". E, pegando mais uma frase emprestada da coluna de Martha, é valorável alguém "que se assume, que perdoa seus próprios tropeços, que não recorre ao Photoshop na hora de expor o caráter".

Continuando com frases da mesma, "a sinceriridade destrói castelos de areia. É a realidade sem anestesia. Ela não estimula reticências, não teatraliza as relações humanas, não debocha da credulidade alheia, não falsifica impressões. A sinceridade é de vanguarda. É tão soberana que emudece a todos... a sinceridade é o ponto final de qualquer discussão".

Hoje em dia há um termo bem comum usado para denominar determinadas atitudes de pessoas que agem falsamente, de puxa-saquismo mesmo, com outros a fim de conseguir algo em troca. É a famosa 'média', que nada se parece com aquela xícara de café com leite que pedimos na padaria. A palavra média, no contexto deste tópico, é mais usada no meio profissional.

Defendo a média em alguns casos, embora não tenha habilidade para isso, pois não consigo ser dissimulada. Não tenho sangue frio, e sempre falo o que estou sentindo, pois do contrário me sentiria mal e não conseguiria dormir tranquilamente. Mas para sobreviver no mercado de trabalho atual, não basta ter talento, competencia, boa aparência, experiência ou uma coleção de certificados. Porque todas esses requisitos são passados para trás, se aparecer alguém com indicação. Vejo muitas pessoas incríveis e bem qualificadas em subempregos. Pessoas de boa índole, que ajudam o próximo, que são bons amigos. Mas que pecam pela sinceridade e não submetem a puxar saco de alguém que não tenha de fato alguma admiração.

Também rola a média em relação a amizades. Muitas pessoas fingem ser amigas de outras por algum interesse. "Ah fulano é popular", "fulano conhece um monte de mulher", "fulano tem dinheiro". Eu não consigo ser amiga de uma pessoa que tenha alguma falha de caráter que realmente me perturbe, seja algum tipo de preconceito, seja inveja, seja resquícios de crueldade, seja falta de consideração ou ainda mal caratismo de qualquer natureza.

E a média em situações amorosas? Essa eu acho que é a que mais machuca. "Pra que mentir, fingir que perdoou", como diria Cazuza? Voce está enganando ao parceiro(a) e a você mesma(o). Não é legal ser falsamente amável e apaixonado para atingir algum interesse pessoal, seja financeiro, seja de ordem apenas sexual, ou seja qualquer outro tipo de interesse. Por que não jogar limpo? Vai que a outra pessoa não se incomode que você não goste dela tanto assim. No entanto, fingir um sentimento machuca o parceiro de modo que causa uma turbulência em toda a vida dele. Você dormiria em paz sabendo que a outra pessoa está se derrento em lagrimas e teve o rendimento no trabalho prejudicado por sua causa?

Viver de verdades é viver de verdade! É a felicidade plena. É viver com um sono tranquilo. Sinceridade não mata, e acho que muita gente poderia usá-la com mais frequencia. Garanto que seriam até mais felizes.

O vácuo nas relações interpessoais

Proponho neste espaço uma reflexão sobre as relações afetivas e sociais de hoje em dia. Por que nos sentimos mais a vontade de expressar nossas angústias por um messenger do que presencialmente? Por que não frequentamos mais a casa de um amigo ou de um vizinho para uma conversa cara a cara? Será que a internet, um meio que a princípio foi criado para aproximar as pessoas que estão distantes, agora serve para distanciar as pessoas que estão próximas?


O assunto deste tópico é baseado numa coluna que li na Revista O Globo, de 12 de julho, chamada "Homem-máquina". A colunista, cujo potencial me surpreendeu, foi a Luiza Possi, que fez uma boa análise sociológica sobre a situação. Essa cantora, que caminha pela orla da praia da barra da tijuca frequentemente, age com uma simpatia e naturalidade que nem parece que passou alguma vez pelos holofotes da TV, em contraposição às patricinhas-emergentes sem estudo e moradoras da região, que "desfilam" no calçadão como se fossem a última Ruffles do pacote, com o narizinho em pé, fruto de uma plástica mal feita. Quem dera se tivesse transplante de cérebro para algumas pessoas. Mas vamos voltar ao assunto.

Atualmente temos tanta liberdade, e podemos tanto, que essa é a maior barreira entre as pessoas. São milhares de estilos músicais, livros, canais de tevê, opções para sair num sábado a noite. Até as formas de se comunicar hoje em dia são diversas. Com pouca coisa em comum, não é de surpreender que as pessoas se afastem cada vez mais, e as relações tornem-se cada vez mais superficiais e na base de algum interesse em comum. Se você não tem nenhuma moeda de troca com determinada pessoa, "tchau, passar bem".



Hoje em dia, portanto, é frequente a comunicação com muitas pessoas, mas sem uma troca de sentimentos mais profundos. Há quantidade, mas sem qualidade. Falta altruísmo, ajuda ao próximo, senso de justiça, companheirismo e lealdade. E pode-se dizer que a internet pode ser, sim, um vilão poderoso em relação ao rumo em que as relações interpessoais estão tomando. Como Luiza conclui num parágrafo, "o conceito de se relacionar está mudando, não sabemos ainda muito bem para onde". As pessoas não têm coragem de se abrir, conversar pessoalmente. Pelo messenger, assunto é o que não falta, mas ao vivo as pessoas se travam. Muitas pessoas perderam a capacidade de conversar e de ter um diálogo saudável. Quando reúnem-se num bar, a única coisa que se ouve é sobre trabalho, trabalho, trabalho, e dinheiro. É uma pessoa querendo aparecer mais que as outras através de suas "incríveis façanhas". "Comi 5 no final de semana", "Comprei um carro de R$ 60.000,00", "Bebi até cair no chão." Enfim, num momento de descontração, continuam com a cabeça no trabalho ou em outras coisas fúteis, e simplesmente esquecem de viver. Preferem viver no virtual: orkut, msn e afins. Como diria Luiza, "é mais fácil dizer para muita gente ao mesmo tempo que você está entrando no carro e indo para o supermercado do que sentar com um amigo e falar do que realmente nos faz bem, e do que nos faz mal.

Há pessoas que, inclusive, só conseguem manter uma amizade via internet, pois ao vivo, por algum motivo, não conseguem se comunicar. Há pessoas que agem como melhores amigos pela internet, mas ao encontrar-se ao vivo, são como estranhos. Há um parágrafo na coluna onde Luiza diz o seguinte em relação ao relacionamento entre ela e um amigo pela web: "Era menos assustador lidar com a minha interpretação de suas palavras, do tom de voz que eu imprimia em cada frase, da risada que eu via passando na minha cabeça e que talvez ele nunca tivesse dado. Era minha relação com a minha interpretação através da sugestão dele".


Sim, é exatamente isso: as pessoas, ao usar a internet para se comunicar, interpretam as mensagens à sua maneira. Imaginam o tom de voz, a feição do rosto, o grau de felicidade e de atenção dado a elas, e acabam supondo coisas que não são o real e que fazem apenas parte do imaginário. O mundo virtual é muito confortável, pois as coisas funcionam da maneira que nós queremos, que é mais conveniente para nós. Mas a vida real é muito diferente. É bem melhor ter amigos reais e presentes, com quem podemos compartilhar sentimentos, felicidades e angústias numa mesa de bar, do que amigos virtuais, que resultam numa comunicação fria e distante de sentimentos. Como diria a colunista, "o mundo virtual estã diretamente relacionado ao mundo imaginário, e nenhum é de fato palpável. E assim somos cada vez mais livres e mais entocados em nossos planetas particulares, nos privando da troca construtiva com o outro, ficando apenas com a ideia de se comunicar".


E Luiza levanta uma questão interessante em outro parágrafo: "Imaginem, então, se o Twitter promovesse um encontro entre as pessoas que postam mensagens o dia inteiro, dando as coordenadas de cada passo de suas vidas, e seus seguidores que acompanham fervorosamente cada informação. Como seria? O que diriam uns aos outros? Seria confortável saber quem são as pessoas que sabem tanto da sua vida? Que tipo de intimidade é criada entre essas pessoas? Às vezes acho que jogamos essas preciosas informações à deriva, sem direcionar na verdade para ninguém." E, por conseguinte, finalizarei (finalmente) com mais um trecho da coluna. "Falta de tempo é a nossa grande aliada na hora de ter uma desculpa para não podermos nos encontrar, mas tempo é a única coisa que temos na vida".